terça-feira, 13 de agosto de 2013

 QUANDO O BEBÊ COMEÇA A MORDER
Morder é uma forma de expressão, uma fase passageira. Mas exige, desde a primeira vez, a ação dos pais.

Quando você menos espera, nhac! Seu anjinho ainda está mamando e já ataca seu peito sem piedade, com uma mordida daquelas, experimentando o uso e a força dos primeiros dentinhos. Você pode não ter se dado conta, mas os dentes são o primeiro recurso que a criança ganha e que pode ser usado para intervir no ambiente, para mostrar aos outros que ela tem presença ativa. As mordidas podem começar assim.
     Depois, seu filho morde os brinquedos, como uma forma de exploração.Mais crescido, porém, pode usar a mordida para expressar descontentamento, fazendo vítimas entre os amiguinhos, os avós, ao até mesmo a babá e a professora. "Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime-se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva", afirma a psiquiatra Lídia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O que fazer
As mordidas são uma fase passageira. No entanto, mesmo que pareçam brincadeiras e não machuquem ninguém, não devem, jamais, ganhar aprovação. Caso contrário, a criança pode pensar que o que fez é bom. Palavras como "dói" e "não pode" são a melhor reação para orientar a criança a não morder. Segunda a psiquiatra Lídia Strauss, alongar as explicações não adianta, porque o filho dessa idade não entende. "Aos poucos, ele aprende a reconhecer os sinais dos pais que indicam o que não deve fazer".

Mordidas demais
     Com o tempo, também, a criança aprende outras formas de se expressar e deixa as mordidas de lado. Se isso não acontecer a partir dos três ou quatro anos, e seu filho continuar a usar a mordida para aliviar tensões, é melhor ficar atenta. "Toda criança pode se alterar momentaneamente, por exemplo, numa brincadeira. Mas mordidas demais sinalizam agressividade sem controle", diz Lídia. Se a ação se repetir com frequência, a médica aconselha a procurar a ajuda de um profissional. Seu filho morde porque...está insatisfeito e quer mostrar isso; quer demonstrar força e ver a reação que provoca; não tem vocabulário suficiente para se expressar. Você deve conter tal comportamento sempre, impedindo que ele morda; dizer a ele que isso pode machucar as pessoas; procurar orientação se as mordidas se tornarem rotina.

 Agressor e agredido
 Os pais dos mordedores costumam ser mais relaxados do que aqueles que enxergam no corpo do filho dentadas alheias, segundo a pediatra Sandra. Se você está entre o grupo dos filhos mordidos, também relaxe. Quando a criança começa a viver em grupo, acaba descobrindo como se defender e se impor entre os coleguinhas. E uma hora ela vai avisar ao amigo mordedor que não gostou e não quer ser mordida de novo. Nunca incentive seu filho a revidar. "Os pais jamais devem estimular a agressão", ensina Sandra.

Fonte: Revista Crescer.



COMO RESOLVER OS CONFLITOS INFANTIS?


Conviver com amigos da mesma idade é fundamental para as crianças, mas os desentendimentos são frequentes até os cinco anos.


     Brigas por causa de brinquedos, estranhamentos durante um jogo  e até mesmo ciúmes de algum coleguinha são, praticamente, inevitáveis entre a molecada. A criança pequena e´, por natureza, egocêntrica, e por isso tem dificuldade em compreender o ponto de vista do outro. Muitas vezes, as suas necessidades são incompatíveis com as dos colegas e dão início a conflitos. Estas "briguinhas" em ambientes familiares e escolares devem ser encaradas de uma forma natural e consideradas momentos de aprendizagem.
     Muitos estudos mostram que a relação entre crianças da mesma faixa etária é essencial para a aprendizagem das vivências em sociedade e para o desenvolvimento cognitivo. É observando, imitando, criando as suas próprias competências e na relação com o outro que cada um aprende. As experiências sociais ajudam a adequar o comportamento, a conhecer-se melhor e a saber conviver. Com determinadas atitudes, os adultos podem ajudar a minimizar os conflitos em um ambiente. Confira algumas dicas a seguir.
·                     Ofereça vários tipos de atividades, estruturando o ambiente e permitindo às crianças escolherem o que querem fazer. Quanto mais preparado estiver espaço, menores serão as possibilidades de desencadear algum conflito entre a garotada.
·                     Estabelecer e seguir uma rotina diária consistente é muito importante. Seja em casa ou na escola, quanto mais habituada ao ambiente a criança estiver, menores serão os desentendimentos. Respeitar rotinas e horários dá aos pequenos controle sobre o seu dia a dia, permitindo-lhes maior estabilidade emocional.
·                     Planeje os momentos de transição para que sejam rápidos e lúdicos. É entre duas atividades (por exemplo, quando as crianças vão fazer a higiene após o lanche ou estão à espera de algo) que elas se desorganizam com mais facilidade e perdem o controle, dando origem a um maior número de conflitos. Procure organizar estes espaços de tempo, dinamizando um jogo ou cantando com elas.
·                     Mantenha limites e expectativas realistas sobre o comportamento infantil. As crianças entre dois e três anos ainda não conseguem brincar em conjunto. Preferem ficar sozinhas ou fazem "brincadeiras paralelas", umas ao lado das outras, sem interagir diretamente. Quando procuram um colega é, na maioria das vezes, por interesse, desejo de possuir algum brinquedo que o outro tem nesse momento, tentando tirá-lo. O resultado é, quase sempre, uma briga.
·                     Ser um bom modelo de respeito na interação com os outros é muito positivo. As crianças aprendem por imitação, encarando todas as situações como aprendizagem. Aos adultos, cabe manter o seu comportamento controlado, procurando não se exaltar na relação com as outras pessoas.
     Mesmo seguindo estas dicas, os conflitos são inevitáveis. Algumas atitudes como as descritas no passo a passo a seguir, podem ajudar nos momentos de briga entre a molecada e contribuir para que, progressivamente, a criança crie uma maior autonomia emocional.

COMO RESOLVER AS BRIGAS?

PASSO 1.  Abordar a criança calmamente, parando qualquer comportamento agressivo, observar aquilo que acontece e preparar-se para um resultado positivo é o mais importante para começar. O adulto deve posicionar-se entre as crianças na mesma altura delas, e manter-se neutro em vez de tomar partido, mesmo que tenha assistido o desenrolar do conflito e saiba quem tem razão. Ao falar, deve utilizar uma voz calma, tranquilizando a situação e explicando que vai ajudar a resolver o problema.


PASSO 2. Reconhecer os sentimentos das crianças. Se a razão do conflito for a luta pela posse de um brinquedo, o adulto deve fazer com que elas percebam que ele precisa segurar o objeto em questão. Depois, no papel de mediador, deve descrever os sentimentos observados e fazer afirmações descritivas sobre os detalhes daquilo que vê, dizendo, por exemplo, "Parecem zangados um com o outro" ou "Maria parece estar zangada com João, e você, João, está chorando, está triste de verdade."

Autora do texto: Filomena Santos Silva